domingo, 29 de maio de 2016

A Música (dos) que nos deixam ( recordando os Acoustic Alchemy)

Descobri finalmente um video com os pioneiros da banda de smooth jazz Acoustic Alchemy. Aqui, num excerto do Documentário "Best Kept Secret".
Esta banda, mais precisamente um dueto de guitarras com a sua banda de apoio, foi-me apresentada quase por acaso pelo Sr. Vítor da saudosa loja Tubitek, através do CD "Against the Grain" de  1994. Logo tratei ir encontrando o resto da discografia, encantada pela frescura e inteligente mistura de géneros dos instrumentais que compunham , desde o flamenco à bossa nova, passando pela música das Caraíbas, músicas com "toque" de Django Reinhart e até música clássica (o belíssimo "Arc en Ciel", por exemplo).
O grupo começou,penosamente (porque desenvolviam um género pouco popularucho /pouco in na altura do pós-punk) em 1981,mas só gravou o primeiro álbum em 1987, "Red Dust  and Spanish Lace", onde surgiu a primeira versão deste tema que aqui apresento ,"Mr Chow", descrito por alguns críticos como "Chinese jazz reggae" porque precisamente mistura o ritmo do reggae com elementos da música chinesa.
A publicação desses primeiros discos só se deu graças ao emprego que o dueto-- Nick Webb (guitarra de cordas de aço) e Greg Carmichael (guitarra cordas de nylon)-- conseguiu de músicos residentes nas viagens de algumas companhias de aviação, nomeadamente a Virgin Airlines ou a American Airlines. Imaginem isso hoje, na época das  companhias low Cost que nem um pacote de amendoins oferece...
De qualquer forma,  este dueto durou até 1998, ano da morte do malogrado N. Webb (o membro do duo que aqui explica como compuseram o tema),  quarenta e poucos anos, a 5 de Fevereiro,vítima de um galopante cancro pancreático. 
No entanto, nesse mesmo ano ainda lançaram mais um álbum, "Positive Thinking", Já com Webb muito doente e todos os músicos fechados uma ou duas semanas numa casa em Bath, para levarem o novo naipe de excelentes temas a bom porto. Webb estava tão fraco que já não conseguiu tocar na maioria das sessões de gravação, como explica Carmichael no  folheto do próprio álbum, mas não desistiu de dar apoio para que os seus amigos músicos acabassem o que havia a fazer. 
Assim se vê o que é um verdadeiro músico, alguém que ama a sua arte acima de tudo, apesar de ser um dedicado pai de família, não se agarrando a lamentações sobre o Destino e agarrando a Vida até ao fim, mesmo que a contas com A maldita doença!
Hoje o grupo continua, com  Carmichael   a fazer dueto com outro guitarrista e acompanhados por outros membros da banda, mas  deixo-vos aqui com o virtuosismo humilde daquele que foi o principal mentor e compositor do grupo, com esta música que perdura em frescura e garra. Intemporal. Até sempre, Nick Webb.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

terça-feira, 16 de julho de 2013

Da saída do Gaspar :CARTOONS(TRÊS):Ai as contas! da série Jejé e não só

(c) Margarida Alegria (Maio/2013)
(c) Margarida Alegria (Junho de 2013)

(c) Margarida Alegria (Junho de 2013)
Costuma dizer-se "não batam mais no Ceguinho", mas, sejamos francos, este "ceguinho" do nosso mundo político(quer queira ou não queira pertenceu ao mundo político) , embora tenha batido a porta com algum estrondo e  com uma carta (que ficará para a História como uma confissão de culpa com uma facada de brinde),  saiu  mesmo assim de mansinho e sem grandes mazelas para si próprio (já lá está num tacho no Banco de Portugal), depois de tanto estrago que causou, deixando, como se vê, tudo em polvorosa.
Nunca será demais ser alvo de mais umas sátiras. Como sempre escrevi por aqui, nunca confiei nesta personagem, que não considerava propriamente sinistra, mas sobretudo arrogante, um "menino-bem" alheado da realidade do País, que fazia troça dos portugueses, ora quando lhes dirigia a palavra, ora quando aplicava as suas medidas insensíveis de cego seguidismo do poderio estrangeiro (alemão e da Troika). Tarde e a más horas verificou que o descalabro económico era completo, em  consequência das políticas que aplicava e passou a batata quente, saltando fora do barco enquanto este não se afundasse com mais estrondo. Como todo o desgoverno era centrado no seu poderio de tecnocrata de gabinete, ficaram os restantes com a cabeça à nora e sob a força do calor do sol, como se viu e se vê ainda.
Amanhã falarei com mais calma deste menino e da ideologia preconceituosa que subjaz a todos estes meninos da mesma fornada.
Para já, visto que deixou Passos Coelho órfão faz ontem precisamente duas semanas, mas o seu abandono ainda provoca mossa (não porque fosse um génio,como alguns pensavam, mas porque representava a única "estratégia" para o país dos que o nomearam, com contas mal feitas que não incluiam todas as variáveis a considerar), não queria deixar passar a ocasião, publicando estes três cartoons que estiveram em rascunho até há dois dias. Como se vê por certas imperfeições dos dois últimos, esperavam alguns retoques antes da publicação, quando se deu todo o presente desatino. Foram criados ainda em período de afazeres lectivos (final do ano, exames...) daí estarem ainda a lápis quando finalmente os pude passar a caneta neste fim-de-semana. O primeiro era até contemporâneo de um outro que aqui publiquei sobre o caso dos swaps, desenhado no mesmíssimo dia, mas deixado a esperar, pois o outro estava mais preso ao tempo.
Como se devem lembrar, o escândalo do peixe-caracol foi verídico (descoberta da DECO..., com a distracção da ASAE). Esta sua consequência é que é, claro, imaginária. A medida e o folclore (demagógico, pois os professores do primeiro ciclo já não permitiam assim facilmente o uso da calculadora ) em redor da máquina de calcular também deve estar bem presente na memória de todos (bravo, pela memorização, eheh!) e  por sua vez, embora pareça  de outro mundo, os tais dois primeiros discursos auto-justificativos do ex-ministro foram bem reais! ( Já devia estar em modo "stand-by", em fase de pré-demissão, do "que se lixe tudo isto!"... Portugal cá estará, pois nós não podemos fugir também, para apanhar os cacos, como costume).
Há ainda uns  cartoons mais antigos em rascunho, que ficaram por completar. Quem sabe um dia verão a luz do dia, talvez noutras paragens ou formato... Neles surgem também o Vitinho, a aplicar os seus  modelos na Escola, ou a conviver com os conselhos da sua avozinha Margarida (ai, logo esse nome!) de Margarinas (NOTA: a terra chama-se Manteigas, mas , graças a um saudável darwinismo social, os jovens amigos do Vitinho conseguiram uma petição para que vencesse a  designação mais moderna e menos piegas de "Margarinas"... pelo menos no mundo de fantasia desta geração do Jejé e companhia... que aliás em fantasia se equipara ao que vai por aquelas cabecinhas, só que em versão inofensiva para Portugal).
Como disse, amanhã farei um post anexo sobre o que penso sobre o impacto destas personagens nesta mirabolante crise, sobretudo reflectindo sobre a sua estranha e perigosa mentalidade. Para já, aqui vão os cartoons, para matarem saudades... ou não.
Margarida Alegria ( 16-7-2013, in blog "Alegrias e Alergias")
E não... não está esquecido o longo post sobre os documentários que pré-anunciei aqui. Faltam apenas uns detalhes, que tive de interromper pelo agitado fim de ano. Mas muito nos têm a ensinar...


quinta-feira, 20 de junho de 2013

CARTOON: dedicado a quem optou por não fazer greve no dia 17 de Junho

(c) Margarida Alegria (in Blog "Alegrias e Alergias"-Junho 2013)
Já aqui mencionei o  "imenso"  e misterioso cartoonista (ou, à portuguesa, "cartunista") norte-americano Gary Larson, que nas últimas décadas do século XX fez as delícias de milhões de leitores de jornais e a fúria de outros tantos, que não entendiam o seu humor corrosivo. Foi por exemplo NESTE POST AQUI, OU NESTE, que construi uns cartoons a "dar ares do humor "à Gary Larson", isto é, essencialmente transportando as hipocrisias e as incoerências de certas situações dos nossos dias, para um outro contexto socio-temporal. Ou até  passar as aberrações da sociedade humana para o mundo de outros seres, como extra-terrestres, ou animais.
Ainda não tinha experimentado usar os animais em cartoons desse "estilo", por isso aqui vai, mas claro muitos furos abaixo desse grande mestre. O tema que me motivou foi a , para mim, incompreensível falta de solidariedade dos colegas que na passada segunda-feira, dia 17 de Junho, optaram por não fazer greve de professores. Podem ter pretextos económicos, mas isso não pega: todos teremos muito mais a perder e muito mais tempo ou para sempre, se estas medidas loucas do Desgoverno foram avante e já muito mais dinheiro perdemos nós, com os diversos roubos institucionais levados por cortes vários destes últimos anos. Podem dizer que assim agiram com "pena" dos alunos que iam fazer exame, mas muito mais amigos seriam dos alunos se dessem exemplo de resistência a iniquidades e assim lutassem pelo futuro deles, para que não sejam continuamente atirados para a precariedade ou para a emigração, como futuros trabalhadores.
A propósito disso, dois artigos hoje no  jornal "Público", a falar desta greve: um bem fundamentado e "por dentro" dos problemas, do nosso colega António Jacinto Pascoal e outro a defender a versão do "coitadinhos" dos alunos (com o título "A adversativa") de um tal Jorge Reis-Sá, que se apresenta como "escritor". Nunca ouvi falar de livros seus, mas fixei-lhe o nome, para ter o cuidado de não vir a adquirir nada desse dito autor. Essencialmente porque para mim, por melhor ou pior que escreva, "escritor" também deve ser alguém que, mesmo que não seja um exemplo  moral ou cívico para os demais, tem pelo menos uma visão Universal do sofrimento Humano e da condição do "bicho-Homem" no Mundo, alguém que se preocupa e se revolta contra as verdadeiras Injustiças e não alguém que cai depressa nos lugares comuns ditados por comentadores de praça com mentalidade de "Tias".
Ia deixar para outra ocasião o comentar mais detalhado desse choradinho que  J. R-S. escreveu, mais uma vez sob a falácia que não aderir a esta greve era mostrar que se "respeitava os alunos". Mas opto por  abrir aqui um parêntesis ao comentário do cartoon que fiz, para desmontar  o essencial da  "argumentação adversativa" do (julgo que) jovem Jorge Reis-Sá. Poderia lembrar-lhe a famosa carta do estudante grego de Pireu, que circula na Net, que explica que não foram os professores (nesse caso gregos) que empobreceram a sua família e cortaram as "asas" a todos os seus sonhos, poderia lembra-lhe, o que não custaria racicionar, que qualquer aluno que estuda e que tem o contratempo de ver a prova mudada para outra altura não está perante um drama (fica o estudo feito, pode rever matérias) nem que irá por isso ficar de fora na entrada na Universidade... Poderia ainda recordar-lhe que as greves são sempre formas extremas mas legítimas de pressão, causando inevitáveis contratempos a uma parte dos cidadãos;  e  que quem causou a urgência da data foram o governo e o MEC e só se manteve a greve porque N. Crato continuou a mentir para os telejornais e o MEC se manteve intransigente a qualquer negociação e quis até que os sindicatos(ao que parece a FNE, que dignamente recusou) assinassem compromissos absurdos a trair os professores. Podia finalmente lembra-lhe que a luta é dos professores e não apenas dos sindicatos e que os professores, nas escolas, já sofreram em demasia e em excessivo silêncio (ou revolta sublimada) a catadupa de normas, leis, alterações aos horários, aos programas, aos currículos, por sucessivos governos carrascos e/ou incompetentes, que os têm vindo a espezinhar e à dignidade da sua profissão. E que até nem perturbaram muito o ano escolar aos alunos com outros protestos, mas que, com o "esticar da corda" abusivo da tutela, acabam por se ver nesta altura do ano como os maiores prejudicados a todos os níveis (salários, férias, repetição de reuniões...), eles sim "reféns" da imposição unilateral dos desvarios das Troikas (a estrangeira e a nacional).
Centro-me apenas nos argumentos centrais de Jorge Reis-Sá: diz que é filho de professores e que pensa que os seus pais (ele já falecido, ela aposentada) nunca fariam esta greve... por causa dos alunos (a tal teoria nojenta de Crato dos "alunos- reféns"...). Apenas replico, com o que os meus pais fariam. É que sou filha de uma professora  do segundo Ciclo e o meu pai (também já falecido, como o de J R-S)  foi professor nos seus últimos anos, mas na faculdade. Antes disso, lidou directamente com operários e com mineiros (descendo com eles à profundeza das minas,para ensinar e ajudar, o que nem todos os Chefes com o seu estatuto fazem, ganhando assim enorme confiança e respeito de profissionais de trato muito difícil como são os da metalurgia). E, contrariamente a JR-S, sei que os meus pais, embora não sendo adeptos habituais de greves ou de manifestações, se estivessem na situação destes professores que hoje andam a ser humilhados, FARIAM, sim, greve. E sabe JR-S porquê? Porque a minha mãe, agora aposentada, sabia que estar do lado dos seus alunos era dar-lhes aulas bonitas que os despertassem para o saber e os tirassem da ignorância e não um mero aplicar oficial de um Exame, apenas UM no meio de dezenas que eles irão fazer na vida de estudantes. Para ela, ser pelos alunos era estar com eles, no dia-a-dia, dando-lhes a ciência, mas também a educação , quando era preciso, para que se tornassem verdadeiros e completos cidadãos, homens e mulheres DE Bem e DO Bem. Atentos aos livros, ao Conhecimento, mas também ao sentido de justiça, à atenção e compaixão pelos demais. Nunca querendo que se tornassem meras Máquinas de fazer exames, como se fosse aí ,nesses testes, que se sintetizava o saber, muito menos a Vida. A minha mãe ensinaria a esses alunos que, mais importante (ainda) que os testes e os exames finais, era o Exame da Vida, o de todos os dias, o que nos leva pelas nossas por vezes difíceis opções ( na capacidade de trabalho , sim, mas também nas atitudes, nos gestos de paz e de solidariedade, no sabermos "entrar na pele dos outros", no combate às injustiças) a distinguirmo-nos como Seres Humanos, como algo de superior e Diferente a meros mamíferos bípedes orientados para o "Sucesso" e para o estúpido e fascizante conceito de "Vencedores", por contraponto aos "Losers"/Perdedores, seja o que isso for, neste novo darwinismo social.
Já o meu pai era dos que tinha as maiores dores de cabeça enquanto não garantia aos trabalhadores que liderava todas as condições de segurança e bem estar num trabalho exigente e perigoso (e contra que poderosos teve de se debater em discussões imensas, quando tentavam minorizar os riscos, por mera poupança economicista!), as constantes melhorias de vida pessoal e familiar que considerava que lhes eram devidas (casa, apoios sociais escola para os filhos), chegando, quando em terras de África, a sacrificar o seu próprio descanso de Domingo para ir caçar (actividade que até não apreciava) e assim vir a fornecer  um suplemento alimentar de algumas proteínas aos trabalhadores que tinham a desgastante função de ir extraír as riquezas às entranhas da Terra... Tenho a certeza que muito se enervaria  com o aviltamento que as Escolas Portuguesas e os professores têm sofrido às mãos destes carrascos políticos e quanto o desgostaria ver o País que amava e que não chegou a ver em pleno desenvolvimento, a recuar em direitos e em condições de vida, por causa de umas atitudes acobardadas e submissas perante poderezitos transnacionais de uns "mercados" agiotas e políticos de terceira escolha que certamente ele desprezaria. Embora não fosse de se meter em políticas, era sobretudo  alguém que via nos outros seres humanos os seus irmãos, ensinando-nos a tratar todos bem, independentemente da condição social; e lembro-me de ele exclamar, muitas vezes,  esperançado já depois do 25 de Abril: "Portugal ainda há-de ser um grande país! Vão ver...". Estaria contra estas políticas e faria greve, caso fosse professor destes Ciclos, pois colocava-se sempre em apoio dos mais desfavorecidos.
 E note-se que os desfavorecidos nesta história são, para além da Escola portuguesa em geral, os professores, seus alicerces fundamentais, ameaçados de desemprego e precariedade após décadas de dedicação, como se a Constituição democrática já não existisse e tivessemos recuado um ou dos séculos.
 Note-se que não  poder fazer um exame na data prevista NÃO é ser-se desfavorecido: aluno desfavorecido é o que viu outros afinal a fazer exame e a prova a não ser anulada ou adiada; aluno desfavorecido é o que foi vigiado por quem não sabia as regras para tal função, o que viu o silêncio necessário à prova a ser perturbado, o que teve de fazer o exame só porque o seu nome tinha a letra "A" e agora vai ver os outros a fazer exame noutra data, com  textos diferentes, quem sabe se mais fácil(a dúvida ficará sempre); aluno desfavorecido é o que deixou de poder receber bolsas de estudo só porque os pais devem ao Fisco ( que é agora, o "Coração", o Alfa e  o Omega de todas as acções em Portugal, qual deus todo-poderoso); aluno desfavorecido é o que já não tem passe com desconto nos transportes e tem de fazer quilómetros a pé, sob sol ou chuva; aluno desfavorecido é o que já não tem direito à refeição gratuita na cantina e por isso desmaia de fome; aluno desfavorecido é o que é colocado a trabalhar, mesmo menor, para ajudar os pais, abandonando assim o seu percurso regular na escola; aluno desfavorecido é o que se acotovela em salas exíguas, feitas para 22 alunos e agora com turmas de 30; o que já deixou de ter ocasião de apresentar todas as suas dúvidas nessas turmas sobrelotadas; o que deixou de ter hipóteses de aprender melhor as disciplinas das Artes quase abolidas do currículo; é o que vê a família a definhar na miséria, ou na precariedade, ou a emigrar; é o que vê os avós a terem de ajudar no sustento dos filhos e netos e a verem as reformas a sofrer cortes por isso a não terem dinheiro para as consultas médicas ou para os medicamentos ou até para uma alimentação condigna; aluno desfavorecido é o que anda a  ajudar vender ou leiloar os bens da família, para ter alguns euros para o essencial; aluno desfavorecido é o que não tem as mesmas hipóteses de comprar livros ou outro  material escolar que uma escassa minoria; o que viu a família a perder a casa, o emprego, o direito à água corrente , ao gás canalizado ou à electricidade (por não poder pagar as contas); aluno desfavorecido será o que nos próximos anos ainda verá as condições para o seu estudo piorarem, em turmas maiores, com menos professores (e esses ainda mais exaustos, porque mais sobrecarregados,com sabe-se lá quantas mais actividades lectivas e turmas, enquanto outros são falsamente considerado excedentários e são enxotados para a mobilidade especial)...
Bem, deixo o "escritor" Jorge Reis-Sá em paz, com os seus escritos, pois para tudo neste país é preciso sorte e ele pelo que entendi tem a sorte de já se intitular "escritor" sendo tão jovem. Outros  escritores bem conhecidos e Humanistas sempre  reclama(ra)m não poderem ter esse estatuto nos seus documentos oficiais e profissionais, mas como hoje pode ser escritor quem redige  uns discursos ou umas piadas para um qualquer ministro lançar em conferências de Imprensa ou colóquios ("escritores-sombra" lhes chamam), quem sou eu para lhe tirar a etiqueta. Mas que dispensarei ler os seus livros... isso sem dúvida.
Voltemos por fim ao cartoon: outros dos argumentos principais para  alguns professores não aderirem a estas lutas dos seus colegas pelo emprego ( não, não foram só alguns professores do primeiro ciclo: na minha escola foram mesmo professores do Secundário... onde uns escassos 6% de  "distraídos" acabaram por assegurar a prova aos primeiros 20% de alunos da lista) são os que esta mosca e esta abelha proferem.
A mosca que já é efectiva e com lugar cativo numa escola e que  julga que por isso não será atingida pelo drama da mobilidade especial e/ou geográfica. É o que podemos chamar de argumento "Vistas curtas anti-solidário". Até poderia não ser visada, mas há milhares de seus colegas, contratados (os que restam) e até efectivos "dos quadros" que verão a porta da rua, fabricada à medida não pelo diminuir da procura como falsamente uns apregoam, mas por fabrico de condições ainda mais apertadas nas escolas em qualidade e quantidade por parte do MEC (aumento, novamente de nº de alunos por turmas, abolição não pedagógica ou didacticamente justificadas de algumas disciplinas, amontoado de escolas num mesmo agrupamento, que faz alguns professores correrem de escola em escola, por vezes a quilómetros para completar horário, até à apoplexia, um belo dia...). Conclusão: a mosca, é um insecto egoísta e de vistas curtas, pese os mil-olhos que lhe atribuem. Não vai além da visão da busca do próprio jantar, mesmo que ele se venha a reduzir cada vez mais a mero detrito do lixo, ou até a m****.
Quanto à abelhinha laboriosa: perora o argumento super-tonto, aliás baseado mas distorcido a partir de um verdadeiro. Ou seja, que os professores dão à sua profissão muito mais que as 35 horas semanais. Só não sabe isso quem tem cegueira ideológica e muito má vontade. Só que o facto de serem tão abnegados que se dispõem a isso até ao ponto da exaustão, sacrificando horas de sono, fins-de-semana, momentos com as suas famílias, não implica que os que os empregam ainda se julguem no direito de os sobrecarregar ainda mais e em decrescentes/ piores condições. Colocar o seu horário em 40 horas, como os horários do  sector privado (muitos dos quais nem são de tantas horas, podendo adaptar), como LETRA DE LEI, é certo e sabido que se trata do primeiro passo para mais uma data de tropelias que serão feitas nas horas lectivas e não lectivas que os vão obrigar a permanecer nas escolas, até à insanidade e ainda com menos tempo para preparar o essencial, as suas aulas(investigar, ler, preparar materiais e sequências/planos de aula...) . Não,  mais uma vez lembro que o essencial não são os Exames fugazes. Quem se lembra com todo o detalhe dos próprios exames que fez? No entanto há professores e algumas das suas aulas que nos marcaram que jamais esqueceremos pelo que nos ensinaram. 40 horas "oficializadas" agora, sem atender à especificidade da profissão e como se leccionar equivalesse a ensacar batatas (com todo o respeito por quem faz esses trabalhos mais mecânicos e também necessários) será abrir caminho para ainda mais arbitrariedades dos MEC futuros.
Aquela abelha do cartoon, outra com falta de visão "periférica" acha que o "horário de 40 horas" APENAS vem oficializar parte das horas que já dá ao país. Aliás o ministro, na entrevista de ontem já aludiu a essa sinuosa argumentação,  com a vozinha aveludada que já não convence ninguém, como se estivesse apenas a regularizar algo... Ao não entender o que está em causa, a abelhinha não poderá vir a queixar-se mais tarde de novas sobrecargas de trabalho, do não ter tempo para nada, nem mesmo para o ensino e correcções, nem de estar a sofrer um AVC ou de o coração ceder e, com sorte, acabar num hospital. O seu argumento é o que se pode chamar, portanto, argumento "Tiro no próprio pé".  Esta abelha obreira mais lembra antes uma "barata tonta".
Lembro também à abelhinha, caso seja do ensino Público, que os directores das escolas privadas já estão a querer oficializar para os seus escravos... digo, seu docentes, horários lectivos de 30 horas e tarefas diversas fora das sua especificidade profissional--- e não é "só" burocracia-- e diminuição dos limites salariais de topo de carreira, muito abaixo do legalmente estipulados.  Está a ver abelhinha laboriosa? Hoje no privado. Amanhã um qualquer novo ministro de palavras traiçoeiras virá a querer impor a uniformização, também nisso, entre sector Público e Privado, não para melhorar condições nivelando pelo menos pesado, mas aplicando essas regras esclavagistas das escolas Privadas ao Ensino Público. Entende agora? Já vê para além da sua colmeia, do número de favos que constrói por semana?
Enfim, dona Mosca e dona Abelha, considerando que vivem no mundo limitado e confuso dos Insectos, estão parcialmente perdoadas. Ainda para mais vendo o destino muito próximo, de que vão ser afinal as primeiras a sofrer  não a mobilidade especial, mas a "IMOBILIDADE eterna" patrocionada pela Dona Aranha, que bem vos enganou. Muito mais  triste é saber que atitudes semelhantes estão a decorrer noutro Mundo, o dos Humanos, suposto seres inteligentes e desbravadores de  mares e de Universos... essas maravilhas do Conhecimento que os professores  tanto se esforçam por ensinar aos seus alunos...
Margarida Alegria (20-6-2013, in blog "Alegrias e Alergias")
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NOTA: sei que o grupo de insectos é uma ORDEM e não um "Reino", pelo menos no que lembro que me ensinaram de Zoologia (na Escola e em aulas de que muito gostava, apesar de ter mais queda para as Letras). Daí ter colocado as aspas no cartoon. O termo aqui  é mais "literário" que científico. É que  a palavra "Reino" lembra melhor as actividades sociais e a vida em comunidade que todos deveriamos desenvolver e melhorar... (M. Alegria)
Nota 2: Não esqueçamos que, no caso dos humanos, há mais hipóteses de redenção. As greves às avaliações continuam nas escolas, com imenso êxito e assim bloqueando o final do ano e a definição das avaliações dos alunos, antes de irem de férias. O MEC esse é que queria ir de férias depois das malfeitorias de Maio e Junho( novamente pelo Brasil? Ou pelo Chile?...) e não o poderá fazer.

domingo, 16 de junho de 2013

SOBRE A GREVE DOS PROFESSORES: descubra as diferenças


(Paulo Guinote e Couto dos Santos na SICnotícias 11-6-2013- recolhido pelo Calimero Sousa)
Quer apreciem ou não os blogues de professores, ou os professores -bloggers e todo os seu estilo, as suas opiniões e feitios, ao verem este video   , este debate de há quase uma semana, ficarão rapidamente dissipadas as dúvidas sobre quem é que aqui defende os alunos e  a Escola Portuguesa .E qual destes dois homens mais falta  faz para a causa educativa e simplesmente domina  o TEMA Educação. 
Claro que o senhor que esbraceja na parte direita do ecrã ( só faltado dar alguma cotovelada à jornalista Ana  Lourenço) até podia ser "apenas" engenheiro   e não ter, como o seu interlocutor,  um Doutoramento em História da Educação. Não viria daí mal ao Mundo, pese a fama injusta que outro certo senhor deu aos engenheiros em Portugal, nos últimos  seis anos. Mas deveria  ter um mínimo de....
Convido os leitores, portanto a procederem a um simples passatempo de DESCUBRA AS DIFERENÇAS (para além das origens regionais detectadas na pronúncia, mas isso é pouco relevante): à vossa esquerda no ecrã, um homem calmo, a esperar a sua vez para falar, a argumentar fundamentadamente, com dados precisos e bem analisados, a saber ripostar aos absurdos dos argumentos contrários, a explicar tudo com clareza, correcção, firmeza. Do lado direito do ecrã, um homem exaltado, que desdenha e fanfarrona, com argumentação mal enraizada, dados genéricos, a "baralhar estações", como dizem no Brasil, a interromper constantemente, a recorrer até ao insulto e à menorização do outro... só vendo e ouvindo.
O primeiro é professor e vai fazer greve a avaliações e dias de exame, até não sendo  grande apologista de greves e manifestações, por sistema. Mas, quando o outro não o interrompe, tenta explicar as razões dos professores que vivem a realidade extenuante da Escola Pública(que se degrada)...na sua escola. É ele Paulo Guinote, professor do Ensino Básico (História e Português) e autor do blogue "A Educação do meu Umbigo". O segundo apenas argumenta o que é da cartilha quase "oficial" de ataque a esta greve: que as greves são manipulação dos sindicatos e não do interesse dos professores, que os alunos coitadinhos vão a UM exame e depois regressarão (NESSE DIA- parêntesis meus) para casa sem o ter feito, ai o transtorno das  famílias e das férias familiares!-- (férias familiares? E cerca de 20 mil ou mais professores que se arriscam com estas medidas que querem  a serem despedidos ou mandados para horários precários, de terra em terra, na tal "mobilidade especial" agora chamada com cinismo de "Requalificação" ,nem que tenham 20 ou 30 anos de serviço e contrato mais antigo e efectivo com o ministério e com uma escola? E não, não há professores a mais. O MEC é que nos dois últimos anos "fabricou" manobras de eliminação de horários para uns e sobrecarga para outros, até eliminando disciplinas importantíssimas, agregando escolas diferentes e distantes à força  ). Esse tipo de cartilha para atacar os professores é a que circula por todo o tipo de comentadores, políticos e, como neste caso-ex-governantes. Sim, faltava esclarecer isso, sabia? O homem que esbraveja à direita já foi.... (isso, não leu mal na legenda!)... MINISTRO DA EDUCAÇÃO. Chama-se Couto dos Santos e agora por aí anda noutros cargos muito importantes, públicos e privados. Ponham-lhe os "respeitosos" cabelos brancos de volta para castanhos e uns óculos grandes de massa, um casaco aos quadrados... sim! ESSE! Escusado lembrar que foi um péssimo Ministro, daqueles de refugo que por vezes os partidos desencantam, ainda muito novinho, mas isso não seria defeito, não fosse a proa e termos que usa, que aqui vêem, que tão mal corresponde a uma função ministerial em geral e  muito menos à pasta em questão (de EDUCAÇÃO! relembro de EDUCAÇÃO!!!). Já não sei de certeza se foi a este que os estudantes universitários mostraram os jovens "assentos" com letras "NÃO PAGO", no tempo de imposição de aumento das propinas, mas penso que sim. O Paulo Guinote diz, no video, os anos em que o cavalheiro "ministrou".
Perante isto, para além de tantas outras razões, quem de entre os docentes ainda tiver dúvidas quanto à justiça desta greve, cujas datas foram ditadas pelo MEC , ao ter começado a impor, quase sem negociações, estas medidas economicistas NESTA ÉPOCA do ano  e não noutra, esperando ter tudo aprovado à sorrelfa, no Conselho de Ministros (se calhar à noite ou em pleno Agosto) e ter a via de "trânsito" ou de despedimento pronta em Setembro para  entregar aos docentes , quando estes voltassem das suas escassa pausa de Verão (sempre em época alta, a mais cara...ultimamente por casa...), não sei de que mais argumentos está à espera para sacrificar estes dias de salário...
Um país onde um indivíduo como o da direita chega facilmente a ministro, por via do mero cartão partidário (e o tipo de arregimentação continua até hoje!) . saltando depois para  o "mérito"(?) de uns tachos e panelas que o continuam a elevar até ao auge comprovativo do  famoso "Princípio de Peter"; e onde um Paulo G., com curso, mestrado, doutoramento e livros publicados, conferências e estudos vários....tem de penar em horários cada vez mais pesados ano após ano, embora se desmultiplique em outra actividades cívicas pela Educação-- não saindo dessa aparente "cepa torta"  só porque se quer manter de espírito crítico e independente, sem "coloridos" a algemá-lo...-- é de facto, um país doente. E funcionando assim, instala-se mais facilmente a corrupção, a menorização do verdadeiro mérito, o convite a se ficar caladinho ou a emigrar... Um país assim não sairá desse círculo vicioso, regido por demagogos mentirosos e subservientes a interesses económicos (que esbulham a pátria a alta velocidade), se ninguém com mais coragem der um murro na mesa e disser basta a todas as medidas que estão a empobrecer o país, a roubar-lhe a soberania, a humilhá-lo.
Como nos tempos da ministra de Educação de má memória, Maria de Lurdes Rodrigues, no seu reino de Terror entre 2005 e 2009, --com uma continuação versão mais "light" da escritora que dá pelo pseudónimo-nome de Isabel Alçada, mesmo nas funções de Estado--, O MEC está a querer dar ao País todo o exemplo de esmagamento e humilhação  da Escola Pública e dos professores, nos seus mais básicos direitos, para que depois nem os outros funcionários Públicos nem os restantes portugueses descontentes ousem continuar a protestar contra os (des)governantes. O José Pacheco Pereira comparou esta Guerra contra os professores com a guerra de Thatcher, no R.Unido, contra os mineiros, nos anos 80, precisamente diabolizando os sindicatos e os outros representantes  destas profissões que ainda resistiam/resistem. A tal senhora que  deu cabo do melhor que tinha o seu país e que estes meninos desgovernantes tanto parecem admirar e querem imitar (mas sem inteligência, só com costas quentes internacionalmente. Ao menos ela era corajosa...), 30 anos depois... é bem próprio do nosso constante atraso nacional: até a imitar "modelos" estrangeiros chegamos atrasados, imitando o que já foi contestado e até  abandonado e muitas vezes apenas requentado em outras paragens....
Amanhã, Nuno Crato acabou de dizer, mantém-se marcado o exame de Português de 12º ano (e o de Latim). Vamos dar-lhe a devida resposta, não comparecendo. O direito à greve sobrepõe-se à convocatória ridícula que o MEC mandou fazer a todos os docentes e até... aos directores. Nem o colégio arbitral nem o tribunal administrativo a que o MEC recorreu lhe deu cobertura a "serviços mínimos" ou requisições civis. Espero que todos os colegas não se deixem intimidar, nem com passageiras(a meu ver patéticas, convenhamos, perante uma situação bem mais grave!) "penas" pelos miúdos (poderão estudar mais , rever matérias, ninguém lhes tira  ou destrói o que estudaram), ou medo de retaliações (?!) num país que ainda se diz democrático e respeitador das leis.
Portugueses: o país também é nosso e somos mais que  esta minoria que nos quer culpar (a todos) dos roubos  ao erário nacional feitos por certas élites corruptas e transformar num protectorado de  mão-de-obra escrava! teremos do nosso lado o direito Internacional e o o Tribunal dos Direitos Humanos, caso haja atropelos à lei. Lembro também: um trabalhador substituir outro que fez greve, num conjunto imenso de "suplentes" impreparados e recrutados à força é ILEGAL.
Pensem. E vejam o debate e esclareçam-se, no que o senhor esbracejante e rude do video permitir que se oiça. Querem que eternamente pessoas como essas continuem a ocupar o poder e os lugares fundamentais do nosso belo país?! Acham que é FADO luso ter que continuar a ter o país minado por toda essa trupe de interesses e de pessoas que não amam o seu país, a sua cultura, a sua educação, o bem estar dos portugueses ,mas só  querem chegar ao poder ,  ao dinheiro público que sugam, às benesses que reservam e acumulam para si e para os seus?
Pensem bem, portugueses, antes de embarcarem no atirar de pedras de uns tantos, que dominam a opinião publicada, contra os professores e contra os Funcionários da Administração Pública em geral (que só "gastam", com salários que recebem pelo trabalho,10% do PIB, abaixo da média da UE, ao contrário do que apregoam) , em demonização manipuladora que o esperto olho do Zé Povinho já percebeu há muito. Percebeu... mas resta o MEDO. Os professores estão a perdê-lo... Porém o MEDO está sobretudo na cabeça das pessoas e só domina quem o deixar.
Tanto se tem falado em "Ponto de viragem para o país. Amanhã sim, pode ser o verdadeiro PONTO DE VIRAGEM.
Margarida Alegria (16-6-2013, in blog "Alegrias e Alergias")
( NOTA:  como vêem, retomo hoje alguma postagem, após mais de um mês de interregno, por falha de Internet . Não poderei postar muito, por várias razões, sobretudo de trabalho, mas tentarei ir colocando umas coisitas...)

domingo, 12 de maio de 2013

Efemérides: Bernardo Sassetti - Um ano volvido...


(Bernardo Sassetti, Tema de "Alice", filme de Marco Martins)
No  passado dia 10 fez um ano sobre a trágica e prematura morte de  Bernardo Sassetti  (n.24-6-1970, f. 10-5-2012), talentoso compositor   e   pianista  clássico e  de jazz, artista multifaceado.
Se bem se devem  lembrar, caiu no  abismo , quando buscava os melhores ângulos para  as suas  fotos( para uma exposição   que preparava),numa falésia no Guincho...
 Ah Bernardo, antes  tivesse   ficado pelo piano....
 Mas parece que era assim, inquieto  e com sede do belo da vida.
Vi-o pessoalmente  de raspão (conhecido de amigos meus) e pareceu-me de enorme simplicidade e doçura, como são quase sempre as grandes almas e boa parte dos  melhores artistas. Os músicos de formação clássica  tendem a ser ensimesmados e distantes, mas não parecia ser o seu caso: não  havia nele qualquer pose  de superioridade. O que confirmei   numa deliciosa entrevista de TV que vi mais tarde com ele, paciente e simpático, até com um histriónico Goucha.Um abrir de coração perante as câmaras de uma candura desarmante, até.
Não queria deixar de lembrar a data.
Fica aqui, para memória futura uma das suas composições, quando de certeza teria tantas mais para criar nos anos vindouros: o Tema de "Alice", filme  de Marco Martins, a meu ver, aliás, um dos melhores filmes portugueses dos últimos anos e de sempre. Esta música consegue transmitir e sublinhar de forma inesquecível a  busca angustiante e incansável de um pai pela pequena filha desaparecida, numa Lisboa vista invulgarmente pelo seu lado da indiferença e frieza de grande metrópole. Quem vê o filme, tem neste seu tema homónimo, para além das notáveis actuações, dos planos, das cores, da construção invulgar, um dos principais aspectos inesquecíveis. Recomendo.
E agora volto para a minha "nuvem", que ainda tenho muito trabalho à espera...
Para sempre, Bernardo Sassetti.
Margarida Alegria (12-5-2013, in blog "Alegrias e Alergias")

sábado, 4 de maio de 2013

CARTOON: Kem Ké um Xuápe? (Série Jejé e Companhia)

(c) Margarida Alegria (Maio de 2013)- a imagem ficou muito reduzida, neste espaço. Clicar sobre a imagem para ler melhor

Há muito que não publicava um cartoon da série destes garotos... ia dizer "reguilas", mas acho que já estão no patamar do delinquente.
Este é o primeiro de um conjunto de cartoons a que chamo internamente de "Clandestinos" (um dia talvez explique melhor). Digo apenas que tenho descoberto que, quando se tenta aproveitar os tempos mortos de alguns momentos de  tortura  taylorista, é bem mais fácil ocupá-los com a criação de cartoons do que com a criação de texto.
Um cartoon coaduna-se melhor com a constante interrupção, pois está desde logo desenhado na íntegra na nossa cabeça antes de o passarmos para o papel. Depois, em períodos de 10 minutos ou menos ,intervalados, lá vamos fazendo o esboço geral da imagem, depois o desenho mais detalhado, depois o passar a tinta, por vezes o colorir.
Com a escrita é diferente. Por mais pensada que tenhamos a ideia  antes de chegar ao papel, depois o escrito ganha vida própria e temos de estar em total concentração e abstracção em relação ao que nos rodeia. Uma interrupção pode deitar por terra o desenvolvimento de uma ideia nova ou da estrutura de uma frase... um pouco como estar num belo sonho e ter de acordar de repente, tentando depois, em vão, tactear por entre palavras e imagens às quais queremos voltar. É de facto verdade aquela ideia que se tem de que é preciso retirarmo-nos do mundo, para uma cabana isolada, na companhia do papel e caneta e uma panela de sopa. De outra forma torna-se tudo  muito mais lento. Mesmo se estivermos diante do computador, como agora estou, temos de evitar todas as distracções, e então da possibilidade de intercalar com outras tarefas nem falar: é quase impossível!
Falando em escrita, fiz agora um intervalo de passatempos mais interessantes que as nacionais aflições com estes constantes sobressaltos com o nojo e o banditismo de punhos de renda que todos os dias nos é despejado pelas notícias. E cá vim publicar o meu cartoon "clandestino" de há dois dias.
Ontem foi  mais uma inenarrável comunicação de cortes e sangria aos cidadãos pelo nosso PM (ver  e ouvir AQUI).
O ar seráfico do dito bem tentava abafar os escândalos da semana, de entre os quais se destacou a descoberta que actuais e antigos governantes incentivaram (ora como governantes ora como "gestores" de empresas públicas, -- eles fazem "swap" de funções nas danças das cadeiras-- especialmente na área dos transportes)  mais uns  contratos ruinosos ( ruinosos  para o Estado,claro!) com empresas financeiras (G-Sachs,- por falar nisso,  alô Borges, mais um boneco na colecção! -- JPMorgan, Santander... lalará...), contratos que dão pelo nome de "SWAPS". O Tribunal de Contas alertava há anos para os perigos destes contratos, mas como costume ninguém lhe deu ouvidos...
Ver aqui uma das notícias (que remete para outras, para quem quiser, como para este detalhe AQUI):
"Perdas potenciais com "swaps" reduzidas em 500 milhões" (in Público, 30-4-2013)
Não entendo muito disso, mas parece que um "swap" é mais uma daquelas habilidades nas quais , caso a coisa corra mal, quem paga o buraco é o Estado (leia-se, os cidadãos). Este governo, vá lá,  até afastou dois secretários de Estado perante a divulgação do escândalo, mas outros tantos terão continuado em funções e apenas se vê a ponta do Icebergue, que , como costume, envolve todos os partidos do chamado "Centrão" que vão alternando no poder. Agora tentam renegociar esses contratos, para minorar os danos, mas pelo que se sabe ,para já, a desgraça ronda os 3 mil milhões de Euros. Coisa pouca, ou, como dizem os americanos... "amendoins".
O que são 3 mil milhões, perante um buraco a pagar na vez dos bandidos do caso BPN de uns ... 7 mil milhões (mas sempre a aumentar)?
Mesmo para isso, entende-se agora, é que os nossos jovens desgovernantes insistem  em fazer um corte PERMANENTE do orçamento do Estado Social, na casa dos 4 mil milhões (soube-se ontem que subiram a parada para 4.800 milhões...). Assim , roubando ainda mais pensionistas e funcionários públicos, mandando mais uns milhares para o desemprego ( mais 30 mil, para já, ao que chamam "rescisões amigáveis", fora os que seguem para mobilidade especial como se não passassem de sapatos velhos a deitar fora),aumentando a idade da reforma,  cortando ainda mais na qualidade da Educação, da Saúde, da Segurança social, haverá mais de 4 mil milhões de Euros POR ANO, para gastar à "tripa forra" nestes "erros" de gestão, nestes casinos paralelos de jogo com dinheiros públicos e em muitas outras negociatas mais ainda por inventar pelos amigos  "empreendedores" do privado. Ou entendi mal a jogada?
É difícil ainda conseguir fazer humor no meio desta pirataria sem freios, mas ainda é das atitudes que nos podem manter de cabeça erguida. Tinha de fazer este cartoon.
Agradeço, para a ideia do cartoon, ao Carlos Fonseca do blogue Aventar, onde este explicou as principais diferenças entre os diferentes tipos de "Swap".
Pronto: agora volto para  finalizar os meus escritos, bem mais interessantes , sobre personagens humanamente muito acima destes políticos e gestores de trazer por casa, sobre situações muito mais cheias de Esperança, sobre lugares de vida até mais complicada a certos níveis, mas onde há ainda quem ouse resistir e mudar o que está errado.Tive de interromper a sua conclusão há quase dois dias--- as tais interrupções inconvenientes de outras tarefas e solicitações!-- e quero que fique como o imaginei. Tem sido um texto construído com paciência,aos poucos,  ao longo de vários dias, quase "tijolo a tijolo",  pois os seus temas são muito mais elevados e nobres que estas autênticas poeiras nojentas e tóxicas lançada por um (resto de) país, por  uma democracia decrépita e por uma Europa em  rápida erosão.
Margarida Alegria (4-5-2013, in blog "Alegrias e Alergias")
É verdade: este foi o Post nº 300 do blog!

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Às 20h de hoje, os Vampiros voltaram a atacar em força...

(c) Margarida Alegria (2 de Março de 2013, Porto)
... (por via televisiva e nas ondas da rádio).
E ainda há quem defenda este tipo de medidas homicidas (e suicidas) e os seus executores desvairados?

quinta-feira, 25 de abril de 2013

No dia da Liberdade portuguesa

(o principal herói do 25 de Abril de 1974, Salgueiro Maia,sempre humilde, um entre os seus, com o cravo que se tornou no símbolo de uma revolução pacífica)

25 de Abril
Esta é a madrugada que eu esperava

O dia inicial inteiro e limpo 

Onde emergimos da noite e do silêncio 

E livres habitamos a substância do tempo

(Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas", 1977)

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E contrasta tudo isto com o discurso do Presidente da República, que  nem consegui escutar até ao fim, para não vomitar, numa tristonha comemoração oficial dos 39 anos da revolução.
Por Deus! Um discurso apenas em redor dos "ajustamentos", do "programa de reestruturação", da Economia (leia-se, Finanças), da "necessidade de consensos socio-políticos" ( e ao apelar a tal usando  um tom de voz de uma sanha exaltada e clubística que lembra um seu discurso revanchista de tomada de posse e os famosos discursos no congresso do seu partido, quando subiu ao poder, fingindo uma inocente viagem à Figueira da Foz só para fazer a rodagem do carro!). E as taxas de não -sei- quê e o enjoativo "regresso aos mercados", e a "limitação da dívida pública", com umas breves lágrimas choradas pelo desemprego e as dificuldades, e o resgate pela troika como inevitável... e "economês", economês e mais economês, desse de excel e de regras de mercado que já deveria ter percebido que é um modelo económico global que está ultrapassado e moribundo e está a destruir a Europa...
Mas é como tantos políticos e outros vulgares membros de "elites", que não entenderam ainda quais são as verdadeiras e mais fundas inquietações dos portugueses, que vêem morrer a sua democracia, a Liberdade, as suas modestas vidas transformadas em Infernos por via destas teorias da austeridade. E o Próprio PR a defender quer não há via alternativa (?!)  e a deitar números e percentagens e "indicadores" disto e daquilo, como se fosse o fundamental ou sequer tivesse verdadeira ligação à realidade dos cidadãos. Outro político pequenino como a maioria  que o rodeava na Assembleia e que enxameia o país, um político mesquinho e cheio de "recadinhos", sendo a maioria dos que deu para os partidos da oposição (especialmente o PS) e os que reclamam a demissão do governo e de eleições, lembrando que o poder efectivo do país que ajudou a vender e subjugar, o poder da "Troika" (que vezes sem conta mencionou, e como "legítima", num discurso do Dia da Liberdade!), irá continuar a prevalecer, "seja quem ganhe as eleições" (como disse, assim mesmo!)...Quem sempre foi tão calculista para a sua própria reeleição, ao longo do seu percurso pelo poder, em todas as medidas que tomou e discursos que fez na vida, agora apelava, hipocritamente, ao ser importante não se guiarem por "calendários eleitorais"... ah, "bem prega Frei Tomás"...
Em suma, inqualificável, mesquinho, ridículo de tanto jargão economicista, um discurso que não parecia escrito por um Presidente que nos devia representar a todos, DEFENDER a nossa democracia, a nossa independência, a nossa Liberdade, mas que poderia ter saído da pena ou do teclado de um qualquer Vítor Bento ou equivalente, daqueles "especialistas" das teorias  cegas que nos têm arrastado para o abismo, daqueles que lamentam muito o aumento do desemprego, mas que o consideram um mero "efeito secundário" (sim, V. Bento dixit!) das "necessárias" medidas de austeridade.
Uma sombra negra, cega e facciosa em forma discursiva, no Dia em que havia que apelar aos valores supremos da ainda jovem democracia, à Esperança fundada na Liberdade e na identidade nacional e não nos números.
Ironicamente, uma nuvem escura e crispada, num dia de sol que nos foi hoje presenteado...
 Não sei qual terá sido a reacção dos diferentes partidos a este discurso, nem me interessa. Só sei que sinto, escutando-o como cidadã "comum", que Portugal merecia melhor!
Ao menos a Natureza e a radiosa Primavera contradisseram-no, com coros de pássaros e céu azul, comemorando o "dia inicial inteiro e limpo" dos versos de Sophia e apontaram-nos um outro caminho que não esse do conformismo aos ditames de ditaduras externas e financeiras dos mercados  "nervosos" e duma UE desorientada: o céu e o sol aconselharam-nos, tal como esse outro poeta, José Régio, a um "SEI QUE NÃO VOU POR AÍ".
--Optemos sempre e sempre pelo caminho da Democracia e da Liberdade,-- pareceram-nos alertar em uníssono a luz, o céu, os pássaros, o sol!
"Alergia" (25-4-2013, 39º aniversário da Revolução dos Cravos em Portugal, in blog "Alegrias e Alergias")

terça-feira, 23 de abril de 2013

Incoerências: Dia Mundial do Livro e feiras do livro

(desconheço o autor desta bela ilustração..."pescada pela Net)
Como se costuma dizer, um livro é uma excelente companhia, pode ser um bom amigo, não ocupa muito espaço nem pesa assim tanto, pode ser lido em qualquer recanto-- e aos poucos-- e transporta com ele, não só as palavras que se fazem histórias ou relatos de saber, mas o pensamento do ser Humano, para lá do Tempo e das fronteiras político-geográficas.
Serve isto para lembrar que hoje se comemora o Dia Mundial do Livro. Mesmo quem não costuma ler muito, hoje deveria passar por uma livraria, passar umas horas numa biblioteca, ou, ao menos, pegar naquele livro há tanto tempo guardado numa estante da casa, à espera de mais vagar da nossa parte para ser lido.
Lembro que o melhor exemplo que nós, adultos, podemos dar às crianças e jovens  sobre a leitura, não é simplesmente mandá-los ler, mas lermos também. Uma criança que vê o pai ou a mãe a ler, ao serão, desenvolve mais depressa o gosto pela leitura do que se "apenas" tiver o incentivo à leitura na sua escola.
Pena que Rui Rio e a sua Câmara do Porto não tenha entendido também essa dimensão, que é a da tradição do livro em espaço público, que é a de uma cidade que ao menos anualmente festeja o livro, ao não apoiar, este ano, a Feira do Livro do Porto, que já ia em mais de 80 anos consecutivos. Pode ter razão , a Câmara, quando alega a crise e falta de dinheiro para não poder dar grande apoio pecuniário à feira, para além do que se propunha facultar (limpeza, vigilância e cedência do espaço-- na av. dos Aliados-- e outras condições logísticas). Terá apenas alguma razão, porém, a alegar que a Feira é uma intervenção de Privados, com fim comercial e que a Câmara não tem mais obrigações do que as que queria este ano oferecer.
Nesse caso, pergunta toda a cidade, porque continua a apoiar todos os anos o Red Bull air Race ou as corridas de automóveis na Boavista, muito mais caras ao erário da autarquia e que, no caso das corridas, implicam a montagem de bancadas em terrenos públicos, o condicionamento do trânsito (o que a Feira do Livro não faz) e a nova e anual repavimentação de parte da Avenida da Boavista, para garantir a perfeição do piso para os automóveis em exibição? São esses eventos totalmente públicos? Não. São para lucro e promoção de privados ? Com certeza (até cobram bilhetes, mesmo estando a ocupar e a perturbar, em trânsito e ruído o espaço que é de todos)! Saem mais baratos? Nem de longe! São muito mais caros para a CM do Porto.
É portanto má vontade da CMP e parece esta medida inédita querer comprovar o que se diz de Rui Rio, que despreza tudo o que diz respeito à Cultura e que opta pelos seus próprios gostos e paixões (corridas de automóveis, eventos de luxo e de encher o olho), mesmo que com muito menos tradição, apesar de --mas mais nos anos iniciais, pela novidade--, terem  a  curiosidade e a adesão populares. 
Pode a APEL ter culpas, ao querer pedir mais do que a CMP pode dispor monetariamente, mas a CMP deveria contribuir com alguma quantia, como costume. Deveriam ter chegado a um acordo, pensando acima de tudo nos cidadãos. A Feira do ano passado já estava bastante pobre, mas  mesmo assim marcava uma presença do livro na cidade e, enquanto os cidadãos, a empobrecer de ano para ano, ali passavam a comprar livros novos ou pechinchas em segunda mão, ou pelo menos os iam folheando e lendo aos poucos, tinhamos, no coração da cidade, alguns dias em que o livro era rei e em que o saber e espírito Humano  lembravam aos cidadãos que nem tudo é feito de números e da vil economia-excel.
Tal como o pai, lendo ao serão, dá o exemplo ao filho, deveria a Câmara dar o exemplo aos seus cidadãos de que não despreza o livro. E esse exemplo seria mais rentável para a Cultura do Porto e da Humanidade em geral que os escassos milhares de euros que o executivo de Rui Rio se visse "obrigado" a desembolsar/investir, em mais uma edição ds Feira do Livro do Porto (assim se menorizando a cidade, mais uma vez, perante a capital do País, à conta de um autarca meramente... forreta que, apesar de ser um gestor basicamente honesto, insiste em se mostrar preconceituoso e de espírito tacanho).
À falta de livros no coração da cidade, prestemos nós, cidadãos, um tributo ao livro, lendo  hoje (ao menos um capítulo de) um à nossa escolha.
Não deixemos que, ao ignoramos também os livros, estes se tornem cegos, mudos e surdos, vocação que não é a sua, ironizada pelos livros "abandonados" da ilustração acima.
Margarida Alegria (23-4-2013, in blog "Alegrias e Alergias")

ADENDA:
Já depois de escrever este post, soube que está a ser organizada, via Facebook,  uma manifestação para exigir a realização da Feira do Livro do Porto (seria a 83ª). Será na próxima sexta-feira, dia 26 de Abril, às 18 h, na Praça da Liberdade (Porto). A dinamizadora é Ana Maria Pinto, a jovem cantora lírica portuense que se tornou famosa com os solos do "Acordai" do Lopes-Graça, em manifestações como a  que decorreu junto a Belém e também no dia 5 de Outubro. No passado dia 2 de Março, na Manifestação "Que se lixe a Troika", na Invicta, foi ela que guiou o entoar de vários hinos e canções, desde o "Maria da Fonte" ao "Grândola" final, passando por muitos outros temas. Apenas com um pequeno megafone a auxiliar, foi incansável! Foi um dos momentos marcantes da manifestação, em todo o desfile desde a Praça da Batalha à Praça da Liberdade, algo que jamais esquecerei, pois conseguiu dar ânimo a tantos que estavam ali em profunda revolta triste, conseguindo pôr quase todos a cantar ao longo de um bom par de horas . Daquela forma sublinhou  ainda melhor a dignidade da ocasião e  a força do sentir que motivava os cidadãos que ali fizeram questão de comparecer. Comovente e... soberano! Obrigada, Ana Maria.

domingo, 21 de abril de 2013

Mais Música, para outro dia de sol e para tentar esquecer as patifarias da semana que passou

(Minta & the Brook Trout, "Falcon"- do álbum "Olympia"-2012)
Sim, sei que tenho um texto prometido há muito. Sobre filmes. Já está pronto, falta afinar uns detalhes. Mas aviso já que é grandito, para ler  e meditar todo, ou salteado, como preferirem. Fiz questão de o apurar o mais que pude.
Quanto a assuntos de Educação, ainda esta semana acabou de sair a Portaria com o número de vagas nas Escolas para o concurso nacional de professores. Uma autêntica anedota! E uma grande maldade, mais uma machadada para derrubar a Escola Pública, pois quase só tem vagas "negativas", que perece não corresponderem ao que os directores transmitiram ao MEC, nem às necessidades das Escolas. Números FALSOS, portanto. Alguém acredita que , com a quantidade de professores que se reformaram recentemente e com o número de alunos que (ao contrário do que quem fazer crer) NÃO diminuiu significativamente (de resto houve é "engenharia" manipuladora pela tutela, de aumentar os alunos por turmas, alterar a estrutura curricular sem qualquer lógica pedagógica, agregar escolas a monte e sem tino...Mas nem isso explica a rídícula soma de apenas 618 vagas abertas, ou "positivas", perante um número de 12 mil vagas "negativas", ou a fechar. 12 mil?! Bandalhos mentirosos!). Ou seja, o que querem é que os professores com vínculo ao ministério, ou do quadro de Escola, se vejam obrigados a concorrer, ao anunciarem falsamente a eliminação do seu posto; depois, esses irem para longe e ficarem em vagas precárias noutras escolas, ou nem isso (desembocando, dessa forma artificial, na mobilidade especial por dois anos, até serem simplesmente despedidos sem direito a indemnizações, após 20, 25, 30 anos de serviço público no ensino!); e depois, em Setembro, contratar professores precários, muito mal pagos, para as vagas que surgirão entretanto (com a saída dos efectivos que ERAM necessários!) para assim acabar a estabilidade da Escola Pública e, com isso, degradar ainda mais a Escola Pública, firme propósito dos últimos MEC, pelo menos desde 2005.
Mas, da parte de um ministro que se revelou mais uma fraude, um embuste, que cede a tudo no massacre aos funcionários públicos pelo Ministério das Finanças... -- um ministro que, depois de assegurar que não existiria mobilidade especial na Educação e que agora encolhe os ombros e justifica o volte-face cm um mero: "Vivemos no mundo em que vivemos"(sic)--, outra coisa não seria de esperar, que o anúncio de um concurso nacional nestes moldes, que esta FARSA!
É tudo tão nojento, que nem apetece falar mais nisto, por agora. Querem destruir o País, derrubando a qualidade do seu Estado social, a base fundamental das sociedades europeias e a razão máxima para ser admissível o pagar de impostos, num país democrático.
Fica , para acompanhar mais um dia de Primavera soalheira, a música que se vai fazendo em Portugal, desta vez com um grupo recente , mas muito interessante. É dos que canta em Inglês, e, para fazer jus à vitalidade dos músicos nortenhos, é um projecto do Porto, "Minta & The Brook Trout", guiado pela voz (excelente) de Francisca Cortesão e de um bom gosto geral de todos os seus músicos. Vi algures a autoria do video, mas já não encontrei essa versão no Youtube, desta vez. É preciso divulgarmos o que de bom se faz por cá, antes que até os músicos comecem a emigrar também...
Fiquem pois, embalados, com "Falcon".
Mais uma alegria, numa semana de "alergias".
Até logo.
Margarida Alegria (21-4-2013, in blog "Alegrias e Alergias")