terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Dia 2 de Março faz ouvir a tua Inquietação e defende a Democracia !- Inquietação - Camané e Dead Combo


(Camané e Dead Combo- "Inquietação"; versão de 2012 do  Poema e Música de José Mário Branco; animação : Ryan Woodward; montagem: Rui Ramusga)
Uma canção e um Manifesto
Há muito que não deixava música portuguesa por aqui. Vou redimir-me. E que música!
Já tinha escutado esta versão da "clássica" e fabulosa "Inquietação" de José Mário Branco, mas só  no início  de Janeiro surgiu um video no youtube, felizmente original e com bom gosto  e proporcional ao poema    e   ao quase fado.
Camané dá a voz , os Dead Combo acompanham.
Melhor tema não podia haver, para ir lembrando o próximo dia 2 de Março, sábado, onde o Movimento "Que se lixe a troika" convida todo o país a sair à rua e fazer escutar a sua voz, já que há quem pense que só temos direito a voz de quatro em quatro anos, em eleições rotineiras , e que de resto temos de ouvir, calar... e pagar, pagar sempre mais. Não por alguma dívida que tenhamos contraído, mas por uma que foi contraída em nosso nome e que agora nos sangram em impostos e taxas várias, com juros de agiotagem, enquanto os responsáveis continuam protegidos, à solta, a fazer "das suas", a lucrar com a desgraça do país, que se humilha sem soberania, sem esperança, sem a atenção dos governantes que haviam prometido justiça e por todos zelar.
Não podemos  continuar a deixar que falem em nosso nome e depois ainda nos acusem de "censura", quando em manifestações pacíficas o povo canta  "Grândola Vila Morena", como forma de protesto. Decerto estariam mais preparados para bater em quem atira pedras ou parte montras, como noutros países, do que em quem usa formas de resistência pacífica, protestos imaginativos. Mas é este o caminho: o da resiliência, o do protesto a moer-lhes o juízo, o da Não-violência.
Violência existe, mas essa é a que vemos neste sistema cada vez mais desigual e desequilibrado que nos leva a alma e os bens. Violento é o espírito da escassa minoria que nos quer remeter à escravatura em versão do século XXI, que nos quer limitar à miséria, a um Futuro sem opções, sem saídas. Um Futuro... "sem-abrigo".
Vivemos tempos de inquietação, mas não devemos confudi-la com o Medo, que tanto nos querem impôr. Ainda temos voz: vamos portanto para os centros das nossas cidades e mostremos, nestas manifestações, que somos de tal forma o tal "Melhor Povo do Mundo" (nas palavras hipócritas do tributário-mor do "reino"), que rejeitamos esta  forma de gerir um país, a despejar tudo em buracos sem fundo de bancos meliantes e   de especuladores vampirescos. O "melhor povo" que rejeita  esta distorção da democracia , num regime que nada respeita: nem as promessas feitas, nem sequer a Constituição, a nossa lei básica que esses políticos juraram cumprir.
O "melhor povo do mundo" tem os PIORES políticos do mundo, que não o merecem, que  agora terão de escutar, sem "filtros" nem distorções dos "fazedores de opinião" das TVs e jornais, esses tudólogos que argumentam que o povo " não entende as mensagens de quem governa", que é tudo questão de  melhorar a "COMUNICAÇÃO" das medidas carrascas que nos vão despejando em cima.
 Comuniquemos nós. NO dia 2 de Março, o povo português, presente nos seus cidadãos de todas as condições e lugares, irá ,ele agora, COMUNICAR melhor aos (des)governantes e restantes políticos ---que ainda não parecem ter entendido as mensagens, nem do dia 12 de Março de 2011, nem do dia 15 de Setembro de 2012, nem de todas os outros protestos feito ao longo das últimas décadas-- que os portugueses não aguentam mais austeridade, aliás, o roubo institucionalizado transvestido de austeridade, que os portugueses estão saturados de políticos demagogos e/ou corruptos, de políticos mentirosos e sem sentido de serviço e sacrifício pelo país, de "economistas"-videntes que tratam as pessoas como números, de governantes que resolvem todos os problemas indo buscar aos bolsos  dos que menos podem (aos seus impostos, ao corte dos seus salários,  que já  eram dos mais baixos da Europa, aos subsídios escassos dos carenciados, às pensões dos idosos, aos fundos que deveriam ser para cuidar de doentes e de crianças) o dinheiro de que precisam para as suas megalomanias,ou para o favorecimento dos negócios dos seus amigos e dos mais poderosos. Os portugueses não querem mais que a política, a que deveria ser o "serviço da cidade", da Polis,  esteja subserviente perante o poder económico, sobretudo diante do poder  financeiro especulativo, o ramo da "economia" que nada produz e que é sempre o mais sôfrego, o mais insaciável, o mais dominado pela cobiça, precisamente por ser o que menos entende quanto custa  sonhar, produzir , criar riqueza num país. 
Os portugueses desprezam, com proporcional e retribuída sanha, os senhores (sempre os mesmos) da alta Finança que despoletou esta "crise", a nível Mundial e a nível nacional, aproveitando-se de políticos corruptos (ou simplesmente estúpidos) para sugar as posses de países inteiros,-- e dentro destes dos bens   dos seus cidadãos,  do haveres de  famílias e de pequenas empresas--, de forma a compensar as suas irresponsáveis movimentações/apostas de dinheiro. Portugal não quer mais ser comandado por quem joga na roleta da bolsa  e das negociatas com o dinheiro dos outros.
Portugal, terra do "melhor povo do Mundo", com quase 900 anos de existência (e já habituado, em momentos mais graves, a rejeitar  e até a "defenestrar" os que escolhem  trair o seu povo, para o vender a poderes exteriores), não quer que continuem a vender as suas melhores  e  mais lucrativas empresas ao desbarato,  a vender o seu território a outros, a vender a sua mão-de-obra a preço de escravo, emigrante ou dentro de portas.
 O que foi conquistado nas últimas décadas, as melhorias sociais, de nível de vida, a maior equidade e os direitos sociais do 1º Mundo, foram até sugeridos  e incentivados pela Europa dita solidária que nos queria integrar como povo igual,  a mesma Europa que tivera vergonha de Portugal e dele se arredava , nos 48 anos da ditadura salazarista (ou esquecem todos os países do mundo ocidental que tinham  cortado relações diplomáticas connosco nessa época?). Esse progresso económico e social, ainda longe do ideal, não foi um favor, uma benesse da vida, caída simplesmente das nuvens, mas algo que pagámos bem caro, com  aumento de preços, com carestia de vida, com o nosso próprio suor,  com o abandono forçado de agricultura, de pescas e de outras fontes produtivas, com todas as vantagens que o nosso progresso trazia também aos que cá nos queriam vender os seus bens.
 Diziam-nos que tinhamos de melhorar qualificações, melhorámos; tinhamos de incentivar a  melhor formação dos jovens, incentivámos; tinhamos de aumentar a esperança de vida da população, aumentámos. Já então eramos os  tais "bons alunos", embora já então medrassem no nosso meio os "cábulas" da política caciquista e corrupta que cada vez mais se instalou e minou os poderes nacionais. E afinal para quê? Agora dizem estes mesmos e os outros que temos de regredir, pois alegadamente viveramos "acima das nossas possibilidades". E, curiosamente, muitos dos que  agora se reclamam os "bons alunos" da troika, batendo hipocritamente no peito e impondo o castigo  beato e parolo da "prevaricação" a todos, são   muitos dos mesmos que antes copiavam,  dos que não estudavam e preparavam os seus esquemas de cábulas, dos que, rindo-se nos protegidos "aeródromos" das suas carteiras,  atiravam aviõezinhos  bem "tecnoformados"  à cabeça e à paciência dos outros alunos. 
Não deixaremos que se continue a confundir uma sensata poupança e o honrado pagar de dívidas, preocupações  de povo honesto e calmo que somos,  com o idolatrar da  austeridade cega e só para alguns, com estas políticas de destruição de direitos e de   REimplantação da pobreza, esse delírio doentio de uma minoria resguardada dela,  resguardada também , com todas as manhas, das leis macabras que cria para os outros.
A nossa Inquietação e a nossa voz têm de ser expressivas neste sábado, deixando de vez o medo , ou  a  indolência frente à TV. Comecemos a  preparar os cartazes,  a afinar  a voz para os cânticos, a dar a "corda os sapatos" para caminhar ao lado dos  nossos concidadãos em indignação, nossos iguais em dignidade ferida,  enquanto temos ainda um País, mostrando o quanto o queremos defender da espoliação e da humilhação, do estatuto de protectorado. 
Vamos pelas ruas e exijamos, cada vez mais, uma nova maneira de vivermos a democracia, exijamos aos políticos que sejam responsáveis e prestem contas pelo que decidem. Mostremos que não somos um povo adormecido nem muito menos resignado. Mostremos que entendemos muito bem o sentido das medidas homicidas que nos querem impor, que os portugueses estão longe de serem os burros de carga e os parvos porque os tomam alguns senhores do país. E digamos que NÃO queremos, medidas dessas, COMUNIQUEMOS-LHES (já que são duros de ouvido e de senso) que os governos devem ser para  servir Portugal e o seu povo não para  deles se servirem  e abusarem. Portugal não é deles, nem dos credores, Portugal é a " nação valente e imortal" que celebramos em Hino. (Um Hino nacional, "A Portuguesa". Já ouviram falar , senhores da troika e troikistas? )
Mostremos que queremos o nosso Futuro, a nossa Liberdade a nossa Vida. Incerta  e inquieta que possa ser  a Vida nestes momentos de coragem ,de mudança, de resistência ao mal que não queremos,  ela só pode continuar se de rosto levantado e sem medo, em cidadania participante e solidária.  E, tal como canta a "Inquietação"... "essa coisa é que é linda!".
Margarida Alegria (26-2-2013, in blog "Alegrias e Alergias")

(pronto,  entusiasmei-me e fui por aqui fora, mas até mais haveria a dizer, como sabem. Dia 2 não há desculpa: há manifestações em quase todas as capitais  de distrito e noutras cidades: até em Madrid,em  Londres e em Boston! CONSULTAR AQUI os locais e as horas, para já em 35 cidades).
 Não nos devemos unir apenas para  o Futebol...DIA 2 de MARÇO, vamos mostrar que os CORAÇÕES dos portugueses batem em uníssono, pela HONRA  E FELICIDADE das nossas vidas e  pelo ORGULHO no noso  país !

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Laços que ficam...

(c) Margarida Alegria, Fevereiro de 2011
Na curta passagem pela terra, as pessoas . melhor ou pior, criam laços e vão deixando o seu rasto.
Laços de família, laços de amizade, laços de entreajuda no trabalho, na vizinhança.
Uns são fortes, seguros, indestrutíveis, ou assim parecem. Outros, mais ténues na aparência, provam depois  serem de uma resistência inaudita.
Porém, há quem tenha sido não só criador de laços, mas um pilar de segurança e presença para muitos. Um porto seguro para os seus. Uma estrela que guia quem tem a sorte de deparar com ela . E que por isso  tenha partido demasiado cedo, com tanto ainda a dar de si, da sua presença e palavra aos outros. Tanto a viver para si, também, do quinhão que lhe deveria caber na Vida.
Dizem que pessoas assim estarão num lugar melhor, agora. Acredito nisso. Pessoas dessas são rastos de luz  na escuridão dos egoísmos, são ventos fortes e breves num Mundo demasiado ocupado com a gestão do medo.
Mas que fazer com tanta dor espalhada e perdida em quem por cá ficou, com mais um quarto vazio, fechado e na penumbra, na frágil casa do coração?
Que fazer por quem, chorando, procura  em vão o rasto traçado na areia  dos passeios de Verão? Que fazer  com os que ficam  e que, olhando para a terra seca , procuram sem cessar vestígios dos  alicerces das suas vidas? Que consolo dar a quem, olhando o céu azul de quase Primavera, busca algumas sobras dos laços que se desfizeram, bocados dos fios que  se partiram nas tempestades?
Resta a saudade, larga e profunda, como a Esperança....
Resta a memória de um abraço tranquilo e azul.
Margarida Alegria (21-2-2013, in blog "Alegrias e Alergias")

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Da Verdade- Intervalo musical: Kings Of Convenience - Misread


(Kings of Convenience, "Misread", álbum- Riot on an Empty Street)
Uma das minhas descobertas musicais nos últimos anos, este dueto norueguês, com uma canção das que mais me toca, pelas mais diversas razões (já a terei postado?).
Um" intervalo" musical antes da saída do  outro dito post mais que anunciado,  remisturado e repensado, mas que me está a "doer" muito para finalizar, nestes tempos de "chumbo" e frieza social (e vai  acabar por sair uma bela porcaria).
Não se deixem iludir pela suavidade da melodia de toques simonandgarfunkelianos e de bossa nova. A letra  "arranha-nos", até com desarmante franqueza , tocando o que mais deveria ser essencial entre as pessoas: todas deveriam ter uma simplicidade-base que evitasse o acabarem tantas vezes a  "tresler" o que os outros dizem ou fazem, na difícil tarefa da comunicação.
Há coisas que também me confundem assim: descobrir com dor que nem sempre as minhas/nossas palavras são interpretadas com o sentido que lhes quis(emos) dar; descobrir que valores como a lealdade, ou  como o amor à verdade, nem sempre  têm o mesmo peso para outros, aqueles em quem confiávamos(os restantes pouco importam), como o que têm para nós. 
Descobrimos isso, vem  o choque, a desilusão, tentamos ultrapassar tudo de coração aberto, como escrevendo em folha limpa. Uma e outra vez. É uma luta que gostaríamos que fosse desnecessária na vida, um sofrimento extra no que esperávamos serem  doces oásis secretos  nos desertos de outras guerras, as rotineiras, as  obrigatórias.
 Mas acontecem. E estas são as batalhas mais importantes, tantas vezes, elas sim, "acima das nossas possibilidades".
 Para traçarmos a fronteira, para sabermos aquilo pelo que vale a pena oferecermos a nossa  alegria ou dor, resta-nos olhar para o que pode ajudar a estabelecer a diferença entre verdadeiro e falso:"A friend is not a means (...)/ Friendship is an end ". E todos os mais nobres sentimentos  e causas deviam ser assim: um FIM em si, não um MEIO para se obter alguma coisa....
É menos linear do que parece...
Eis que os KOC também devem ter razão quando cantam: " the loneliest people / were the ones who always spoke the truth"... -- lá está,  essas pessoas ingénuas arriscam "o pescoço" no veloz mundo das aparências assépticas, por fazerem a "diferença", ao se atreverem a "confrontar a indiferença".
Aí temos o mais árido dos  desertos , que nos tenta invadir o coração de ventos frios e da poeira dos séculos:  A INDIFERENÇA. 
Não devia fazer parte do nosso itinerário. Tentemos, pois,  seguir outro trilho...
(Ressalva: entendendo eu    essa Verdade  com o significado de Transparência, sinceridade ; e não  de rudeza descarada).
Margarida Alegria (19-2-2013, in blog "Alegrias e Alergias").
Fica a letra:
                                                               "Misread"
If you wanna be my friend
You want us to get along
Please do not expect me to
Wrap it up and keep it there
The observation I am doing could
Easily be understood
As cynical demeanour
But one of us misread...
And what do you know
It happened again

A friend is not a means
You utilize to get somewhere
Somehow I didn't notice
friendship is an end

What do you know
It happened again

How come no-one told me
All throughout history
The loneliest people
Were the ones who always spoke the truth
The ones who made a difference
By withstanding the indifference

I guess it's up to me now
Should I take that risk or just smile?

What do you know
It happened again
What do you know

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Tomem lá, para não dizerem que não se assinalou a data: Invention of Love (2010)


("Invention o f Love", 2010. Animated short film. Autor: Andrey Shushkov)
O dia de S. Valentim e só mais uma data comercial como outra qualquer, tocando na "tecla" da  sensibilidade  humana ao  valor supremo do Amor , para promover mais algum consumo. Mas fica este filminho para quem gosta da   arte  da Animação. Valha-nos a Arte, a iluminar  este mundo obscurecido....
E louvem o Amor ,todo o amor , mas... todos  os dias, está bem? Sem data marcada. A Humanidade agradece.
"Alergia" (14-2-2013, in blog "Alegrias e Alergias")

A Alegria volta dentro de momentos.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Detalhes de Carnaval em 2013

para ilustrar, este belíssimo "coro de freiras"(origami de Madalena Magalhães,arquitecta e artista do Porto.  daqui)
Desfile de Carnaval pela freguesia. Isto, enquanto esta não "acaba".
Tiveram sorte: dia de sol, sem vento ou a humidade do ano passado.
Coisa modesta, que os tempos não são de fartura, mas via-se que com empenho de algumas colectividades desportivas e recreativas. Até uma tímida "bateria" sambista, com três garotas a liderar, de grande saias rodadas, coloridas e bordadas. De resto, sobretudo crianças e adolescentes de grupos de hip-hop. Mas direito a rufos de  bombos e tambores de zés-pereiras e a um "trio eléctrico" a entoar canções carnavalescas cariocas.
Nesta coisa de Carnaval, especialmente quando há pequenos cortejos de crianças de escolas, aproveito para tentar  perceber como param as modas em matéria de heróis. Por exemplo, há escassos anos, para além dos "clássicos" cowboys e fadas, havia uma "pragas" de zorros, homens-aranhas, harry potters e outros justiceiros nas fatiotas para menino e de pocahontas, princesas, joaninhas e bruxinhas, na indumentária feminina.
Ah... também houve um tempo das invasões de emílias-bonecas e, há poucos anos, de criadas à "moda antiga", de uniforme negro e avental rendado, vá-se lá entender devido a que "febre"....
Numa rápida impressão geral este ano, vi que predominavam , entre eles, os piratas(mas não tanto na versão mais rústica do perna-de-pau, mas dos de vestes do séc. XVIII,com chapéu tridente e pose à "pirata das Caraíbas") e entre elas as Brancas-de-neve e as Minnies.
Na era do pronto a vestir, a  escolha da maioria foi ditada provavelmente pelo maior fornecimento nas lojas, mas a escolha destas fantasias, já tão diferentes pôs-me a pensar no quanto às tantas reflectem os que são heróis em cada época. Ou seja: antes, eram os heróis, seres perfeitos com super-poderes mágicos ou de ficção -científica, hoje, no tempo dos "hackers e  dos vilões da vida real , burlões"punhos de renda" que tudo aldrabam e rapinam, temos... os piratas. As meninas,essas, continuam a sonhar romanticamente com as princesas de sempre. Menos influenciadas por modas, ou mais conservadoras?
Foi particularmente engraçado ver um trio formado por um desses piratas de  fato de seda, um mosqueteiro de capa e espada e ainda um marinheiro a perseguir ( calma, a jogar às caçadinhas...) um vampiro! Curiosamente, os vampiros, em grande força há um ou dois anos, parecem ter perdido a sua representatividade "farpelar", este ano, quem sabe se por ironia. Talvez de tanto se ouvir falar de outros "vampiros", que tudo comem, estes seres tenham passado de anti-heróis "crepusculares" para seres abjectos que ninguém quer imitar.
Outras curiosidades , talvez também tradutoras dos tempos: alguns presidiários folgazões, meia dúzia das tradicionais espanholas dançarinas de flamenco (suponho que as sobras dos seus vestidos permitiram às fábricas fazer as saias das minnies...) e um outro grupo étnico bem numeroso. O dos chinesinhos. Mas  aqueles do imaginário antigo, com  kimonos ou "pijamas" , sombrinhas de papel, afiados bigodes e chapéus cónicos de mondar o arroz. Só faltavam os rabichos e os pés ligados(agora com vistosos sapatos-ténis). Décadas passadas e algumas coisas não mudam....
Por falar em heróis, para tanta Minnie, só vislumbrei um Mickey! Mas muito perfeitinho, com fato  preto à medida dos seus três ou quatro anos, sapatos  redondos alaranjados, luvas brancas, cauda afilada, calções parecidos com os originais.
Eis que, de repente, sozinha na estrada, desfila uma "freira", vestida a preceito. Trazia na mão o que parecia ser um missal ou outro livro. De tão zelosa que parecia na sua missão, não se limitava às palhaçadas dos demais: esticava os braços com o livro  negro para um lado, depois para o outro, parecendo estar a querer "evangelizar" os transeuntes, como se dissesse, com aquele gesto, "Vejam a Palavra do Senhor!".
Estranhei tanta pompa para uma freira, mesmo de brincar, quando percebi enfim o que era o tal "missal". Qual missal, qual quê... era UM TABLET...
 O que a falsa monja estava a fazer, "religiosamente", com os seus braços esticados era a filmar ou a tirar umas fotos a vários ângulos do cortejo e dos espectadores!
Os disfarces de freira podem ser de todas as épocas, mas esta freira era sem dúvida uma foliona do Carnaval de...2013.
Margarida Alegria (9-2-2013, in blog "Alegrias e Alergias")
O tal post que tenho andar a burilar nos últimos dias (para não falar nos outros...) está quase  quase pronto. Cada dia há novidades que o complicam! Tenham mais um pouco de paciência; entretanto fiz este com um mero apontamento  curioso da época carnavalesca.














 ADENDA de BANDA DESENHADA:
Aqui estão dois retratos de duas fases da personagem Minnie Mouse, de Walt Disney.Criada em 1928, para fazer par com o Mickey no trio de primeiros filmes  de  W. Disney e Ub Iwerks com esse herói (entre 1928 e 1929)   "Steamboat Willie", "Gallopping Gaucho" e "Plane Crazy" (o do célebre beijo entre o par de ratitos). A Minnie mais moderna passou a andar mais vestida, mas ainda deixa   à mostra as rendas das ceroulas; ganhou um  enorme laço na cabeça e outros  mais pequenos nos sapatos (que não mudaram de modelo).
Apesar das muitas lendas sobre a criação de Mickey e da sua companheira (por exemplo, que fora o irmão de Walt, Roy, a criar a personagem; ou que Walt o criara, mas queria chamar-lhe Mortimer, sendo a sua esposa a propôr-lhe  a mudança para Mickey, menos sisudo), a versão que parece mais exacta é que o primeiro a desenhar as  duas personagens, em 1928, terá sido  Ub Iwerks, talentoso animador e então braço direito de Disney.
Quanto à versão de papel, isto é, as histórias aos quadradinhos para os jornais, foi sobretudo desenvolvida, ao longo de vários anos, por Floyd Gottfredson, que tinha por missão criar essas bandas desenhadas com Mickey e seus amigos, ganhando uma autonomia muito própria em relação aos filmes, que estavam sob a batuta de Disney.
Na  história aos quadradinhos " The Gleam"(1942), de Merril De Maris e Floyd Gottfredson, Minnie  diz chamar-se "Minerva Mouse" (sendo logicamente Minnie o diminutivo!).
Noutras histórias surgem alguns familiares: os pais, Margie e Marcus(agricultores) ; os avós, Matilda e Marshall(só em "foto"); o tio Mortimer (co-protagonista em algumas aventuras) e as duas sobrinhas da Minnie, Millie e Melody Mouse.
No filme "The Picnic" (1930) surge pela primeira vez o seu cão Pluto (sim , o cão era  animal de estimação dela e não de Mickey), aí ainda com o nome banal de ...Rover. (Mais detalhes, embora um tanto confusos e por vezes contraditórios AQUI)

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Contra o Medo que mina os professores(uma "rabanada de Vento" da AL)


Não tinha chegado a escrever aqui algo sobre a manifestação de professores da semana passada (dia 26 de Janeiro). Mas fiquei sem palavras a dizer, quando deparei com este fantástico post da minha querida amiga "AL"/Ana, no seu "Oventoquepassa". Disse tudo o que urge dizer sobre o que se passa na Escola Pública e quanto à luta dos professores...
Deixo aqui o link do post e recomendo a leitura, bem como a visita a todo o magnífico blogue:
O poder de que os professores tristemente abdicam" (in blog "O Vento que passa")
O que a Ana salienta é a incompreensível atitude de cedência e até de medo (pelos professores) ,que vem minando as Escolas por dentro  e destruindo a causa pela Escola pública,nestes últimos anos amargos. Saliento um extracto do texto, mas recomendo vivamente a leitura completa:

"os professores têm de se consciencializar do enorme poder que detêm, e usá-lo, sem medos nem mesquinhices. Têm de arriscar perder alguma coisa, dois, três dias, uma semana de salário, se querem ganhar esta guerra de batalhas tantas(...)"

A Ana não fala de cor. Não sei se sabem, mas o seu blogue, "O Vento que passa" é um pequeno reino de bom gosto, de sensibilidade e de reflexão inteligente. Destacou-se em particular nos anos de luta contra a megera Lurdes Rodrigues. Alguns dos seus primorosos textos circularam por mail, de tão bem escritos e corajosos que eram, ousando mostrar como a profissão docente é nobre e intelectual e que os professores  têm o dever de defender aquilo a que têm direito- sobretudo tempo para aquilo para que se formaram (e superiormente!): ensinar. Posts que não se importavam de expor de forma detalhada tudo o que era e é urgente defender no Ensino em Portugal, estando-se nas tintas para a brevidade feita espuma dos dias que se recomenda para o tamanho de posts. Quando é para escrever e detalhar, não devem existir tais calculismos. Um dos seus posts, inclusivé,  andou a circular pela Internet como se fosse anónimo e/ou atribuído a terceiros, chegando a ser a sua leitura recomendada, imaginem... à própria autora!
O seu blogue continua vivíssimo por aí, quando a "AL" até já nem teria  hoje qualquer obrigação profissional ou moral para o escrever. Mas, uma vez professor(a), sempre professor(a), como se costuma dizer. Ou, como dizia há uns anos  largos uma outra amiga minha, isto de ser professor, "torna-se um vício". Balelas para quem reclama que só pode ser professor quem tem "Vocação"! O que é isso de vocação? Fala-se em um padre precisar de vocação (e mesmo assim...), uma mulher que sente  especial "vocação" para a maternidade(mas mulheres que não se imaginavam a ser mães tantas vezes vêm a ser excelentes mães), porém... acaso outros profissões exigem uma "vocação"? Do estilo "Ah, quando era pequenino sonhava ser gestor de marketing" ou "senti vocação para  economista e ministro das Finanças, "assessor-especialista de um ministério" ou algo ridículo como "em criança sempre quis vir a ser secretária administrativa/ técnico de frio/ vendedor de seguros"... As poucas profissões sonhadas em pequeninos passam mais pela fantasia, como o vir a ser polícia, astronauta, bombeiro ou hospedeira do ar. Desenrolam-se estes estereótipos ao longo de décadas e vamos deixando, virando-os tantas vezes contra nós, quando deveriamos agradecer termos um país onde AINDA há professores suficientes para as necessidades (mas já não em todas as disciplinas!), quando em outros países (que cometeram esses erros nos sistemas educativos) agora já só querem saber se conseguem convencer gente suficiente  e que não fuja a esta ingrata e tão massacrada profissão...e sobretudo gente que tenha tanta e tão especializada qualificação quanto existe actualmente na classe docente portuguesa! Quem dera a esses países(e não são  só no  dito terceiro mundo)!  Mas não: muitos cidadãos , a tutela do ministério e  tantos (des)governos em Portugal dão-se ao luxo de desprezar os docentes que existem, dizendo que "são demais" (o que é mentira!), que só estão na profissão por "não terem jeito para mais nada"!... não terem... "vocação"!
Ora o que interessa, quando se tem uma profissão, é tomarmos o que fazemos em mãos e tentarmos ser bons no que fazemos. De resto esssa conversa de vocação é vazia! O que a profissão docente é sem dúvida, para quem alguma vez passa por ela, é um "bichinho" que nos fica inoculado para sempre, a vontade de educarmos, de ajudar  crianças , jovens ou graúdos a descobrir os conhecimentos do mundo, a amar o saber. Quem é ou foi professor, sempre que lê um bom livro ou vê um filme marcante fica com a vontade de logo alertar os seus alunos para essas obras e quando já não tem alunos fica a imaginar as aulas que faria com aquelas descobertas. E quando está entre os seus, em casa, quantas e quantas vezes não o/a mandam calar com "Lá estás tu a ser professor(a) e a falar de escola e de aulas!"...
Sim, ser professor é um vício que nos acompanhará para sempre. Só não sei  bem dizer se é fatídico.
A Ana é uma dinâmica professora-blogger das que sofre por a nossa classe profissional não  ter ido mais além no enfrentar as bestas que querem destruir a Escola Pública. A Ana é da mão cheia dos que ainda ousam sonhar algo diferente e melhor para a Educação em Portugal.
Não é das que são arrogantes e dondocas às Segundas, Quartas e Sextas   e que às Terças,  Quintas e Sábados se transformam em solidárias e lutadoras, para poder virem a ser consideradas umas resistentes corajosas e se" fazerem importantes". Não , não é assim a  Ana. A Ana sente a profissão e é/será educadora todos os dias, mesmo quando se recolhe a algum  silêncio.
Como amiga, também é das que está connosco quando é preciso, dando força. Não é das que promete mas depois enxota. Foi das primeiras a apoiar a criação do meu blogue e das primeiras a aderir a este site também. Essas coisas jamais se esquecem, pois a Ana não é só feita de palavras.
(e tem  sensibilidade ,  inteligência  e humildade que sobram; por isso não lhe dará   para vir a considerar estes meus elogios sinceros  de amiga como um exemplo de... "stalking", e fazer queixa à polícia etc...eheheh!-- é verdade, há quem se lembre disso, fora de brincadeiras!!! Essa estupidez não foi minha, por isso não sei porque hei-de calar mais tempo o meu espanto!)
Visitem o seu blogue e  leiam este seu texto, de entre os vários marcantes que já escreveu. E pensem. Pensem nas formas como quem ama a Educação terá de vencer o medo e o conformismo, pois será a única forma de defender a Escola Pública, a que de facto tem gerado( pela sua qualidade até agora) tantos jovens qualificados que hoje dão cartas pelo mundo fora...
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Tinha outro post pronto para publicar, mas  não trata de algo tão importante, por isso agendei-o para amanhã após o almoço, pois este texto da Ana merece uma leitura destacada e tranquila de final de Domingo.
Margarida Alegria (3-2-2013, in blog "Alegrias e Alergias")
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ADENDA:
No próximo dia 2 de Março, decorrerá, em várias cidades do país, uma nova manifestação "Que se lixe a troika- o povo é quem mais ordena", cerca das 15h (locais  de partida e horas serão divulgadas mais tarde). Todos os portugueses insatisfeitos com o rumo da nossa democracia estão convocados. Façam ouvir a vossa voz!
Um manifesto de título "Maré de Educação" marcou  entretanto para as 14h, frente ao MEC, na 5 de Outubro em Lisboa, uma concentração de professores, que depois se juntará à manif nacional que parte do Marquês de Pombal e vai até ao Terreiro do Paço.